Explicando de vez qual a diferença entre STEM e STEAM
Você já encontrou os termos STEM e STEAM pela internet? Ou acabou ouvindo alguém falar sobre eles em uma palestra, por exemplo? Esses termos comumente aparecem em discussões envolvendo educação, e se referem a duas abordagens de ensino bem semelhantes, mas com importantes diferenças.
Porém, sendo termos semelhantes e que se referem a abordagens semelhantes, além de serem estrangeiros e recentemente criados, é muito comum que eles acabem criando bastante confusão. Por isso, neste artigo vamos esclarecer um pouco mais o que são esses termos e qual a diferença entre suas abordagens.
Conhecendo o STEM
O termo STEM tende a ser o mais comumente usado atualmente. STEM é uma sigla composta por quatro palavras inglesas: science, technology, engineering e mathematics, isto é, ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Porém, em inglês, science em geral não é tão abrangente quanto ciência é aqui, e se limita às ciências naturais: física, química e biologia. Isto é, a sigla abrange as ciências naturais e exatas, além da área de tecnologia.
Embora a sigla também seja usada para representar essas áreas, na âmbito do ensino ela se refere a uma método de ensino interdisciplinar focado nelas.
Ela surgiu nos Estados Unidos na década de 90, fruto de uma crise na educação do país: os jovens estavam se interessando cada vez menos pela área, e o governo temia que essa falta de interesse resultasse em menor competitividade das empresas dos país no exterior, especialmente com o crescimento de empresas japonesas e coreanas.
Por isso, decidiram investir em uma nova abordagem focada nas ciências exatas e naturais, buscando formar uma nova geração mais capacitada para desenvolver tecnologias inovadoras nas maiores empresas e universidades do país, basicamente revivendo o setor, o que criou a geração responsável pela Web 2.0 e a Indústria 4.0.
Aqui no Brasil estamos acostumados a estudar essa área na forma de disciplinas separadas, como biologia, química, física e matemática, sendo engenharia e tecnologia mais reservadas ao ambiente universitário. Porém, esses assuntos são interdependentes: física depende de matemática, química, de física, biologia, de química, além da engenharia e tecnologia potencialmente dependerem de todos, de acordo com a área de atuação.
A metodologia STEM busca integrar essas disciplinas de forma a tornar mais fácil entendê-las e também entender a interdependência entre elas, na forma tanto de conteúdo teórico como conteúdo prático, com maior ênfase na realização de projetos e trabalho em grupo que os métodos de ensino tradicionais.
A abordagem complementar, nesse caso, é a HASS, Humanities, Arts, and Social Sciences, isto é, humanidades, artes e ciências sociais, englobando tudo o que conhecemos como Ciências Humanas.
A metodologia STEAM
A abordagem STEAM é muito parecida, como é possível ver pelo nome. Neste caso, inclui-se também as artes. O objetivo dessa inclusão é desenvolver a criatividade dos alunos, incentivando a liberdade criativa e a inovação e integrando também conceitos estéticos às atividades práticas.
O STEAM surgiu devido à recente mudança de paradigma do mercado de trabalho. Antes, o objetivo era formar pessoas capacitadas para trabalhar na área e entrar na carreira acadêmica, ensinando engenharia, tecnologia e os conceitos básicos das ciências naturais e exatas que são necessárias para a área. Foi uma abordagem muito bem sucedida, e contribuiu significativamente para o aumento do número de profissionais qualificados nos EUA.
Porém, com a crescente automatização das indústrias e até dos processos de desenvolvimento de produtos, graças aos avanços tecnológicos, houve grande diminuição da demanda por profissionais voltados à realização de tarefas mais repetitivas. Porém, a demanda por pessoas com capacidade de desenvolver produtos inovadores começou a aumentar rapidamente, para que as empresas de tecnologia consigam se destacar em um mercado cada vez mais repleto de produtos de todos os tipos.
Devido à essa nova demanda, as artes foram adicionadas ao currículo. As artes também são inseridas de forma interdisciplinar, interagindo com as outras áreas de forma a exercitar a sua aplicação, contribuindo para o desenvolvimento de soluções criativas para problemas práticos, assim como para a gerar uma preocupação estética entre os alunos.
STEM ou STEAM? Qual o melhor?
Se seu filho tem a intenção de seguir carreira nas ciências exatas ou naturais, a abordagem STEAM é atualmente a mais moderna e o preparará melhor para entrar no mundo da inovação tecnológica e da criação de produtos mais inovadores.
Porém, é importante considerar que embora a distinção entre STEM e STEAM pareça clara, uma escola dizer que usa algum deles não significa que o façam de forma “pura”. Como STEM é mais conhecido, é bem possível que anunciem que usem-no, mas também adicionem elementos de outras abordagens para complementar o currículo. A Wikipédia em inglês, por exemplo, lista outras 24 metodologias derivadas dele.
No Brasil isso é especialmente comum. Como aqui as escolas precisam seguir a Base Nacional Comum Curricular, que define as disciplinas a serem ensinadas aos alunos no Ensino Básico assim como a carga horária das disciplinas, e como os vestibulares das faculdades brasileiras requerem conhecimento dessas disciplinas, em especial o ENEM, não é possível se limitar apenas às exatas.
Portanto, a não ser que seja uma escola especializada no ensino de algo de fora da base curricular (como uma escola de robótica), o mais comum é que haja maior foco no ensino interdisciplinar das ciências exatas e naturais e menor ênfase nas humanas, mas estas ainda serão ensinadas, e podem de alguma forma ser inseridas na interdisciplinaridade também.
Saiba mais
Sendo uma escola, aqui na I Do Code nos preocupamos com as metodologias que usamos, e queremos que os pais conheçam mais sobre elas também. Em nosso blog temos vários outros artigos sobre educação.